Demand Driven

O verdadeiro inimigo da Supply Chain

1596205511947

Gosto muito desta imagem abaixo, do curso de Demand Driven Planner, oferecido pelo Demand Driven Institute. Ela traz um alerta que muitas vezes não percebemos, e é a origem da maioria dos problemas na nossa cadeia de suprimentos.

O dicionário APICS, Edição 12 define o EFEITO CHICOTE (Bull-Whip Effect):

“Uma pequena mudança na demanda provoca um grande número de movimentos em toda a cadeia de suprimentos que, por sua vez, provoca um enorme acúmulo de estoques em seus diversos participantes. O estoque pode rapidamente passar de escassez a excesso. Isso é causado pela natureza da transmissão de ordens em série e pelos atrasos inerentes ao transporte do produto através da cadeia”

O termo chicote remete bem o efeito que o termo quer representar, com um chicote, um pequeno movimento de pulso no cabo provoca uma grande oscilação no rabo do chicote e a sua ponta pode causar um enorme estrago no receptor destinado, produzindo um alto estalo e dano a partir de um pequeno movimento.

Analisemos o gráfico e entendamos o impacto. Com uma média na faixa das 16.000 unidades e oscilações nas vendas diárias (POS) entre 12.000 e 20.000 unidades, um desvio pequeno e que deveria ser absorvido sem maiores problemas pelo estoque e pela produção. Olhe o que acontece, no entanto, com produção e entrega de pedidos quando se está em um ambiente acoplado e desprotegido.

O total despachado (Total Shipments) por dia varia entre 4.000 e 38.000 indicando que não estamos despachando conforme o cliente demanda e estamos exigindo mais esforço na expedição, que pode estar gerando custos adicionais, como horas extras ou contratações ou fretes de entrega urgentes.

E por sua vez, a produção está com variações diárias de 0 a 51.000 unidades. Com isso temos paradas de produção e dias de horas extras para cumprir, gerando estoques em excesso e prováveis faltas. Fica claro como uma a cadeia acoplada, porém desconexa, sofre enormemente o Efeito Chicote.

E a situação tende a piorar quanto maior for o número de nodos na cadeia, pois há uma exponenciação do efeito. E este efeito também é sentido no sentido contrário, onde pequenas interrupções de fornecimento, sejam por atrasos ou por problemas de qualidade, podem gerar desabastecimentos em vários pontos da cadeia gerando prejuízos enormes com perdas de venda ou gastos operacionais para mitigação.

E o que podemos fazer?

Demand Driven MRP vem nos trazer uma solução simples e elegante para resolver o problema, apoiada nas principais metodologias e trazendo inovações em seu conteúdo, temos agora uma oportunidade real de estabilizar nossa Supply Chain sem onerar os cofres das empresas com estoques altíssimos.

Desacoplamento Estratégico

A metodologia começa mostrando o poder de separar os diferentes estágios da cadeia de suprimentos, colocando em pontos estrategicamente identificados buffers que promovem a proteção da etapa subsequente, nas duas direções, das variabilidades inerentes da operação.

Benefícios imediatos são: O encurtamento do Lead Time para o cliente, constância nas ordens de reposição, horizonte de visibilidade controlável nas etapas intermediárias e, o mais significativo, proteção bidirecional para as variabilidades do sistema.

Calculando e Ajustando os Buffers

Com os buffers nos lugares corretos, a metodologia nos mostra como cálculos de forma simples. São três zonas, cada uma com uma função específica e todas com o objetivo de promover o fluxo dos materiais e fornecer informações claras e objetivas aos analistas sobre a condição do buffer no momento, para que ações possam ser tomadas para evitar excessos e faltas, e as condições futuras para que o planejador possa saber o que e quanto deve repor.

Cada buffer é calculado de forma individual respeitando as características de cada SKU e o local onde ela se encontra; os buffers são recalculados todos os dias, absorvendo a tendência da demanda a medida que acontece, evitando as grandes mudanças que acontecem com o tão comum cálculo mensal de estoque de segurança; fatores de ajuste conhecidos podem ser aplicados para um desempenho do buffer de acordo com a previsão sem impacto direto nas operações.

Benefícios imediatos são: Estabilização da frequência e tamanho das reposições, fácil identificação de estoque médio projetado, proteção embutida e ajustada pela demanda dinamicamente e fonte de comando para a etapa anterior da reposição.

Planejando para a Demanda

DDMRP agora nos permite operar para a demanda, ela será puxada, porém não mais atuará diretamente na operação, a demanda será confrontada com o Buffer e este indicará de forma clara quando repor e quais são as prioridades.

A Equação do Fluxo Líquido faz algo que é da rotina de qualquer planejador em qualquer tipo de indústria ou cadeia de suprimentos:

O que tenho? O que vou receber?

Qual demanda é relevante?

A grande diferença aqui é a qualificação da demanda, não é toda a carteira de vendas que deve ser considerada e também não é nenhuma, a metodologia nos ensina e quantifica como qualifica-la. O resultado desta equação, então, é uma posição contra o buffer daquele item e esta posição é suficiente para decidir quando vamos colocar uma ordem de reposição e de quanto ela deve ser.

E ao organizar por cores e ordenar por percentual, a metodologia mostra comparativamente aos outros itens quais são ar urgências e qual a prioridade que devo ter para ordenar a reposição dos buffers.

O que aprendemos e como prosseguir?

Entendemos que o inimigo número um da cadeia de suprimentos é o Efeito Chicote; que ele é causado pelo acoplamento total da nossa cadeia do uso de previsões de vendas, quase sempre incertas.

Vemos que há uma alternativa ao modo de planejar tradicionalmente, metodologia esta chamada DDMRP; que propõe uma revisão de onde posicionamos nossas proteções, de como calcular estas posições e que utilizar a demanda como fonte de sinal de reposição é muito mais seguro que previsões de venda.

O livro Demand Driven MRP de Carol Ptak e Chad Smith é seu ponto de partida, junto com os materiais que você pode encontrar com rápidas pesquisas em seu buscador favorito e dos cases que podem ser encontrados no site do Demand Driven Institute.

E por último deixo um convite a conhecer meu trabalho e nosso grupo de Telegram – https://t.me/joinchat/TXUSQBg6CJx5YU7KgAMeQQ, venha tirar suas dúvidas, comente abaixo o que pensa e vamos melhorar as cadeias de suprimentos do Brasil.

hugues-silva

Hugues Boritiyça Silva, engenheiro, apaixonado por planejamento demand driven e melhorias