A Papai Noel S.A. surgiu em um ambiente muito diferente do mundo atual. O mercado era restrito, apenas a Europa Cristã era atendida por ela, delimitando assim muito bem a área de distribuição. A clientela era definida pela própria empresa, a famosa lista de quem foi bom ou mau durante o ano era criada e com isso a empresa sabia exatamente a demanda para suas entregas. Outro fator importante, o número de itens que a empresa tinha que lidar, poucas dezenas de opções para as crianças, permitindo a otimização em grandes lotes de produção e qualquer excesso de estoque poderia ser usado no ano seguinte.
Esta capacidade de entregar alegria ao consumidor, fez com que Papai Noel S.A. pudesse expandir seus negócios para o restante do mundo e assim tornar-se uma das mais conhecidas e respeitadas indústrias. Contando com uma força de trabalho dedicada totalmente a empresa, os duendes garantiam qualidade de produto, baixíssima rotatividade e demandavam pouco da gestão da empresa, além de trabalharem pela alegria dos consumidores.
Mas o mundo mudou desde os idos do século VI, quando o Sr. Nicolau cuidava do negócio sozinho. Hoje as crianças exigem uma variedade muito maior de brinquedos e presentes, as linhas de produção ficaram mais complexas e múltiplos locais de produção tiveram que ser criados. A distribuição tem que ser capaz de atender todo o globo em um único dia, e a logística disso tornava a entrega com trenó e renas um pesadelo. A clientela selecionada não existe mais, toda criança tem direito e quer se sentir incluída, mesmo que não tenha sido bem-educada. Os duendes já têm outras opções de trabalho, e isso fez com que a produção tenha sido terceirizada.
Quando a situação parecia sem solução, com desperdícios enormes após cada Natal, com mais e mais reclamações dos consumidores e com a demanda aumentando a cada ano, o que fez a Papai Noel S.A.?
Vendo-se a beira de um colapso, uma mudança radical de conceito foi necessária. Tendo a “Lei de Plossl” em mente que diz: “…que quando temos fluxo contínuo temos aumento na qualidade de serviço, lucros são maximizados e estoques minimizados…”, Papai Noel S.A. passou a implantar os conceitos de Demand Driven.
Ao invés de produzir para cada cartinha recebida, foi implantado um sistema de estoque (buffers) para os brinquedos, fazendo assim com que os picos de demanda gerados por comerciais fossem absorvidos, bem como as interrupções de produção. Também foram implantados buffers para as peças, pois como as crianças mudam seu sonho de Natal todos meses, estoques de peças compradas antecipadas por previsão geram muito desperdício e urgências de reposição para a cadeia logística.
Para agilizar a distribuição e poder atender todo o planeta, a Papai Noel S.A. passou a colocar estoques em locais estratégicos (Lojas de Brinquedos) e utilizar logística terceirizada (pais, avós, tios, padrinhos) fazendo com que a Papai Noel S.A. pudesse estar em todos os locais na noite de Natal.
Com um monitoramento dinâmico e moderno, e-mail e redes sociais, os buffers são ajustados dinamicamente com os desejos ao invés do processo demorado de ler cada carta escrita ou prever os desejos. Desta forma o planejamento das linhas de produção é muito mais eficaz pois atende apenas o que está sendo entregue, repondo sempre os buffers criados. Diminuindo as sobras de inventário de partes e de produtos acabados.
Com uma colaboração visível, o stress de programação e entregas foram reduzidos drasticamente, fazendo a Papai Noel S.A. um local de desejo para se trabalhar para os duendes.
Uma fábrica de sonhos!